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domingo, 6 de junho de 2010

Regras simples para uma melhorar sua Apresentação


Três regras simples para uma melhorar sua Apresentação

Dominar bem o assunto sempre será o aspecto mais importante de uma apresentação.

No entanto, existem uma série de regras e dicas que podem ser usadas numa aula ou numa conferência.
Na verdade, damos atenção quase exclusiva ao conteúdo, na expectativa que isso baste para o bom entendimento por parte da platéia. Será que isso basta?

O modelo mais empregado nas apresentações atualmente veio na esteira do uso intenso do Powerpoint desde os anos 90, adicionado ao modelo tradicional de relato científico que utilizamos academicamente.

Deste modo, fazemos uma narração no estilo “meu nome-introdução-o quê-quando-quem-como-conclusão-obrigado”, considerando que, deste modo, fornecemos a informação necessária aos colegas.

Por outro lado, dispomos essa sequência no tradicional formato que o Powerpoint nos conduz automaticamente, com títulos, bullets (identações) espaço para colocarmos o que quisermos na aula. Ou seja, uma rotina repetitiva no modelo de aulas.
Como o participante de uma aula se comporta, para começar?

Algumas pesquisas indicam que a atenção de uma pessoa durante uma aula dura cerca de vinte minutos. O pico dessa atenção é máximo nos minutos iniciais (que perdemos agradecendo aos organizadores), decai progressivamente para subir um pouco mais quando você anuncia que está terminando (a platéia supõe que você deixou uma mensagem importante para o final).

Se sua aula for longa, convém então]realizar breves dinâmicas com seu público a intervalos regulares de vinte minutos, para que o ritmo não caia em monotonia.
Uma pergunta instigante ou uma pesquisa do tipo “levante a mão quem…” podem ajudar. Use sua criatividade conforme o tema e o público.

Vamos então a 3 dicas bem simples que poderão auxiliar muito a sua próxima palestra:

1- Coloque-se no lugar da sua platéia.

Um livro recente e muito interessante, Made to Stick, de autoria de dois professores da Stanford University Graduate School of Business, debruça-se sobre o porquê de algumas idéias e conceitos se firmarem imediata e espontaneamente na mente das pessoas, e outras não. Numa parte do livro os autores também também comentam da falta de sintonia existente entre o comunicador e sua audiência.
Eles dizem que, ao nos aprofundarmos em um assunto, imediatamente começamos a ver o mundo de outra forma. Eles chamam de “Curse of Knowledge”.

Infelizmente, não é “course” de curso. É “curse” de “maldição”, ou seja, a Maldição do Conhecimento.
Trata-se de um fenômeno que ocorre quando você se aprofunda demais num determinado assunto antes desconhecido. Nesse caso, você passa a ver a situação de outra forma – com os olhos de um expert – e muda, internamente, uma série de conceitos e valores.

No entanto, quando vai falar sobre o assunto, entra direto nele considerando que todos também enxergam o tema de igual modo, e espera ganhar atenção imediata. Afinal, a importância deve ser óbvia, você pensa.
Isso pode ser um engano, e torna temas excitantes em aulas enfadonhas.

Outras vezes, você dedica a aula a explicar o tudo sobre o tema, na esperança de que, ao final, a platéia conclua: “Isso é muito interessante mesmo para mim por esse ou aquele motivo”.

Infelizmente, isso pode não acontecer para a maioria, apesar de você achar que a conclusão pode ser óbvia. Todos deveriam achar o tema interessante! Ou não?…
As pessoas ouviram você, mas não conseguem chegar até ao final do caminho que você imaginou. Afinal, o único que tem a visão global e aprofundada é você mesmo. Não conseguem ter noção da importância do tema com suas palavras.

Como escapar dessa armadilha?
Uma dica simples é, após estudar bem o assunto, dedicar um tempo para descobrir aonde está um ponto que leve ao colega que está sentado na platéia a se interessar em suas palavras.

Essa motivação pessoal, apesar de individual, geralmente é comum à maioria.
Via de regra, as pessoas se interessam muito num assunto se perceberem um desses dois pontos:
- terão algum ganho pessoal com esse conhecimento
- evitarão algum infortúnio pessoal com esse conhecimento
Não interprete ganho como um valor monetário.

Ganho, nesse caso, pode ser um resultado muito melhor nos tratamentos, menor esforço para realizar um procedimento, ou mesmo mais tempo livre depois do trabalho. Qualquer forma de ganho deve ser identificada e apresentada.

Infortúnio, por sua vez, é qualquer situação desagradável.
Tratamento ineficaz (e paciente insatisfeito), dificuldade numa manobra cirúrgica, ou negociação negativa com um convênio médico são algumas condições que, caso sua apresentação ensine como evitar, despertará atenção imediata.

Se você esclarecer logo de início onde está o ponto de interesse, seus ouvintes ficarão em máxima atenção, pois você deixou bem claro qual o ganho que terão.
Resumo da regra:
- pergunte-se como você veria esse tema se estivesse na platéia. É excitante ou chato?
- identifique os pontos que a pessoa da platéia considere como vantagem ou diferencial.
- apresente esses pontos claramente logo no início da sua apresentação

Resumo da Dica 1: pense como um ignorante no assunto e encontrará a solução!

2- Simplicidade com a Regra 10-20-30
Assisti a uma aula num congresso que duraria quinze minutos. O palestrante avisou que teria mais de quarenta slides, e pediu que o interrompessem quando o tempo acabasse.

O que você pensaria ouvindo isso?
Eu pensei: começou mal. Já demostra, de início, uma grande falta de domínio. Se nem ele sabe para onde ruma a aula, já me desinteresso logo de início.
O palestrante tinha grande conhecimento, mas não conseguiu demonstrar isso, pois era impossível.
Uma corrente de experts sobre Apresentações apregoa uma maior busca pela simplicidade.

Quanto maior a sobrecarga de informação, menor a eficácia da sua comunicação.

Um dos mais respeitados nesse assunto é Guy Kawasaki. É o autor de diversos livros sobre apresentações, e já trabalhou como engenheiro na Apple. Ele criou uma regra simples, chamada 10-20-30.

a) 10
Dez é o número máximo de slides que sua apresentação pode ter.

É difícil um ser humano normal reter mais que isso com eficácia. Seus ouvintes, seu chefe, sua equipe, seus alunos, todo mundo é normal - presumivelmente. E eles não conseguem mesmo reter um amontoado de informações.
Dez slides, no máximo, é um bom número.

b) 20
Como falamos, no início do artigo, vinte minutos é o tempo ideal para sua apresentação.

Mais do que isso e a atenção das pessoas começa a dispersar. Ou então o sono bate.
Se durar mais do que vinte minutos sugiro fazer uma atividade que divida um bloco de apresentação do próximo. Perguntas para a platéia responder, uma tarefa em grupo de três minutos. Algo que quebre a monotonia.


c) 30
Trinta é o tamanho das letras (fontes) usadas na apresentação.
Via de regra, usamos tamanho 10 de fonte.

Resultado: além da segunda fileira ninguém enxerga nada. Ou espreme os olhos para entender o que tem ali. Ele não enxerga e logo perde o interesse!
O mesmo vale para gráficos: cuidado com imagens e tabelas muito significativas para você, mas incompreensíveis para a maioria.
Simplifique-os e deixe bem claros. A platéia não deve levar mais do que cinco segundos para interpretar um gráfico.

É claro que a fonte 30 é uma sugestão "genérica". A mensagem aqui
é: use material visual que fique otimizado para todos os que vão assistir a apresentação, e não somente para a tela do seu computador!!
Outra vantagem das fontes maiores é que isso impede que você escreva muito no slide. Na verdade, essa é a intenção!! Você deverá então exercitar a arte de ser mais conciso e objetivo!!
E finalmente, a bem da simplicidade nas Apresentações: nunca coloque animações de letrinhas voando. Nem musiquinha ou outros efeitos singelos. E também não use aquele Clipart medonho com imagenzinhas que a Microsoft que dá de graça no Office. Por favor!

Resumo da Dica 2: em Powerpoint, menos é mais!

3- Coloque seu conhecimento
Muitas pessoas dizem que congressos presenciais irão acabar, mas isso não irá acontecer, por mais que eu ache que telemedicina é o futuro.
Diferente dos livros, revistas e eventos online, as situações presenciais têm um forte diferencial: o conhecimento.
Livros e publicações podem conter uma série de informações, mas conhecimento é diferente, pois necessita da contextualização individual, que é muito dinâmica.


Uma opinião sobre uma técnica hoje pode mudar no mês que vem. O material que usamos numa cirurgia varia de acordo com cada médico.

Esta é a característica da era em que vivemos, onde a única certeza é de que não há certezas. É a Era das Mudanças.

Tenha em mente que, hoje em dia, qualquer pessoa pode copiar-e-colar um tema e
realizar uma apresentação. As apresentações Made by Internet estão por aí. Mas ao final o que teremos é uma apresentação que nos diz pouco, pois a sensação é de que qualquer outra fonte poderia suprir aquela informação.
O palestrante, nesse caso, torna-se um “leitor” dos slides durante a aula.
Como, então, diferenciar-se nesse momento?
É importante que, numa apresentação, você se dê conta que a sua experiência pessoal no assunto é importante. As pessoas querem ouvir um especialista, e viajam milhares de quilômetros para isso.
Adicione seu conhecimento a alguns pontos do tema, dando uma opinião pessoal, embasada e justificada.
Comente sobre a eficácia daquele exame complementar que todos pedem. Fale a respeito de como adequou sua profilaxia cirúrgica baseando-se na literatura. Fale da sua experiência pessoal em determinados tópicos.
Pelo bem ou pelo mal, as pessoas valorizam muito esses comentários, e é isso que faz sua apresentação ser diferenciada.
Esse é o motivo, afinal, pelo qual você foi convidado a falar, e não outro colega. Seu conhecimento, único no assunto, é o que diferencia você dos outros.
Tenha em mente que o seu conhecimento é o que diferencia sua aula de todas as outras, mesmo que o tema seja igual.
Resumo da regra 3: saia do muro!

Finalmente, se quiser saber mais a respeito visite o blog www.outrojeito.com.br, que traz diversos artigos sobre a arte das Apresentações.

Colaboracao Sabrina Ribeiro

Artigo publicado em October 28th, 2007 na(s) categoria(s) -Dicas de Apresentações, --Área Corporativa, --Área Acadêmica

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