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domingo, 22 de agosto de 2010

Vitrine de Inteligência

A função principal das vitrines de lojas deveria ser inspirar a gente a experimentar propostas – e não (só) render desejo por peças específicas. Né?

Consumidor bacana não deveria ser o que quer uma peça de vitrine e efetua essa compra, mas sim o que se interessa pelo conceito da loja,
se permite passar tempo dentro dela, vai até o provador e se deixa identificar com o estilo proposto.

E pra isso, é preciso mais do que só roupa na vitrine – mais do que só manequins montados com looks legais: tem que ter poesia, tem que ter tema, estória, encanto mesmo.

A arquiteta Lina Bo Bardi escreveu em 1951 (!!!) sobre isso:
“Não há nada pior para o adquirente do que ter em frente demais coisas para escolher.”
E ainda chamou vitrines abarrotadas de “pequenas ratoeiras com mercadoria-queijo para o transeunte-rato.”

Mais: lojas de rua deviam contar com a responsabilidade que tem de também construir a aparência da cidade (além de ter que vender!).

A Lina (íntima) também registrou seu pensamento nesse sentido:
“A cidade é uma sala pública, uma grande sala de exposições, um museu, um livro aberto a todo no qual podem-se ler as mais sutis nuances, e quem tiver uma loja, uma vitrina, um buraco qualquer fechado por um vidro e queria expor naquela vitrina, quem quiser ter um papel “público” na cidade, toma a si uma responsabilidade moral, (…) a idéia de que a “sua” vitrina possa contribuir para a formação do gosto dos moradores, possa contribuir para dar fisionomia à cidade, denunciar sua essência.” Isso tudo tem a ver com identidade, que tem a ver com estilo.

Se a gente presta atenção até nisso, a experiência de comprar passa a ser mais interessante, a consciência do entorno é despertada e a gente fica mais e mais ligada em quem a gente é, no que desperta desejo na gente, em como o que tá em volta pode influenciar o vestir e mais.

Bom pra pensar e exercitar no fim de semana, né?
Bora atrás de vitrines de inteligência pra que assim o aperfeiçoamento do estilo pessoal tenha mais meios pra rolar!

Por Fernanda Resende

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